Reflexões sobre a genuinidade das relações sociais, a ilusão de envolvimento e a importância da sinceridade nas interações.
No meio de uma festa que se desenrolava em um apartamento insuficientemente iluminado, presenciei a imaturidade de um homem adulto afirmando que as profissões de publicitários e coaches são apenas um sintoma do capitalismo e, portanto, superficiais. Ao mesmo tempo em que, de forma paradoxal, ele vergonhosamente executava todos os gestos baratos para se apresentar como alguém mais relevante do que realmente era.
Com os seus braços pousados sobre os ombros de suas vítimas, ele declamava discursos encharcados em benevolência enquanto aproveitava toda e qualquer oportunidade para furtar lascas de intimidade.
Emergia-se como uma muralha anti-misógina ao se colocar entre os casais e contra os homens.
Por muito provavelmente não existir, sua profissão era um enigma.
Enquanto observava este ser, eu divagava sobre a genuinidade daquelas relações. A continuidade da festa parecia depender não só da atuação dele, mas também da performance dos outros convidados em suportá-lo. Era um reflexo intrigante da fantasia que muitas vezes permeia nossos encontros, levando-me a duvidar da profundidade de nossos laços.
Em meio a essas reflexões, uma jovem compartilhava comigo alguma história: “A fogueira ficou do meu tamanho! Acabou com o quintal do cara”. Minhas respostas, em sua maioria, eram meros consentimentos, entregues sem muito esforço e que surpreendentemente bastavam.
Bastavam pois estamos inclinadas a ceder à ilusão de envolvimento, compelidos a se deixar levar por um interesse simulado. A nossa existência é permeada por essa dinâmica, onde a flutuação dos elogios nos conduzem. Navegamos em um mar de interesses sociais, onde o balanço entre sinceridade e mentira determinam o nosso curso.


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